Questões raciais e de gênero em “Úrsula”, de Maria Firmina dos Reis

"Úrsula" é um dos primeiros romances a abordar a condição da mulher negra na literatura brasileira

O romance “Úrsula”, de Maria Firmina dos Reis, foi publicado em 1859 e é considerado pioneiro em muitos sentidos. Sua notoriedade foi construída pelo teor abolicionista e pela representação das experiências das mulheres negras do século XIX. Maria Firmina dos Reis foi uma das primeiras romancistas negras do Brasil e uma das primeiras escritoras a abordar a condição da mulher negra na literatura brasileira.

“Úrsula” se passa em uma fazenda no Maranhão, durante o período da escravidão e conta a história da personagem-título, Úrsula, uma jovem preta, criada como irmã da filha da fazendeira. Úrsula se destaca por sua beleza e inteligência, despertando o interesse de diversos personagens, incluindo o herdeiro da fazenda e um jovem médico abolicionista.

A narrativa aborda as complexidades das relações entre escravizados e senhores, bem como as consequências do sistema escravista na vida dos personagens, a luta pela liberdade, o preconceito racial, a violência sofrida pelas mulheres negras e a busca por identidade em um contexto de opressão. Ou seja, Maria Firmina dos Reis utiliza sua escrita para conscientizar o leitor sobre a importância da emancipação dos escravizados.

O pioneirismo em “Úrsula”

“Úrsula” é considerada uma obra pioneira por várias razões. A primeira delas é que sua autora, Maria Firmina dos Reis, é reconhecida como uma das primeiras romancistas negras do Brasil e, possivelmente, do mundo. Sua autoria é um marco importante na literatura, uma vez que ela trouxe uma perspectiva única e autêntica sobre a experiência dos negros escravizados no Brasil do século XIX.

Além disso, o livro foi publicado em 1859, décadas antes da assinatura da Lei Áurea, em 1888. A abordagem da autora sobre o abolicionismo e a crítica ao sistema escravista era uma visão ousada e corajosa para a época. A obra também é notável por dar voz às experiências das mulheres negras e abriu um diálogo mais amplo sobre as questões raciais no Brasil. 

Ao quebrar barreiras literárias, sociais e políticas, “Úrsula” se tornou uma obra pioneira e extremamente importante para a época e também na atualidade, podendo ser usada em argumentações e estudos sobre diversos temas.

Como utilizar a obra de Maria Firmina dos Reis em argumentações?

Em discussões relacionadas a raça, gênero, abolicionismo, desigualdades sociais e literatura, a obra “Úrsula”, de Maria Firmina dos Reis, é um prato cheio de bons argumentos e exemplos — ótimos para usar nas redações de vestibulares ou na redação do ENEM.

Você pode utilizá-la como uma visão da realidade racial durante o período de escravidão no Brasil, enfatizando a necessidade de entender e reconhecer a história dos negros no país. A personagem Úrsula enfrenta não apenas o racismo, mas também o preconceito de gênero.

O uso da literatura como uma ferramenta de conscientização e mudança social também é um tema recorrente em “Úrsula” e em toda a vida e obra de Maria Firmina dos Reis. Ao citar como a autora utilizou da criação literária para transmitir mensagens de igualdade, liberdade e justiça, você pode argumentar sobre o poder da literatura na transformação da sociedade.

Lembre-se sempre de relacionar os temas apresentados em “Úrsula” com questões contemporâneas, contextualizando citações e ideias retiradas da obra, para sustentar de maneira sólida os pontos de vista que você estará argumentando.

Aqui no Portal Green Academy nós já falamos sobre a obra “A Falência“, de Júlia Lopes de Almeida! Qual a próxima obra que você quer ver comentada? Deixe sua sugestão nos comentários 🙂

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