Startup usa tecnologia para combater a fome e o desperdício de alimentos

Iniciativas que visam garantir alimentação saudável e frequente a todos estão alinhadas às metas do ODS

A fome é uma das maiores mazelas da humanidade. E um dos grandes desafios dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O Brasil, que já desenvolveu projetos de referência no assunto e chegou a sair do Mapa da Fome em 2014, retornou em 2022.

Segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), publicado em julho de 2023, 70,3 milhões de pessoas estavam em 2022 em estado de insegurança alimentar moderada, isto é, com dificuldades para se alimentar. Além disso, outros 21,1 milhões de indivíduos estavam em insegurança alimentar grave, que é quando a pessoa não tem acesso à comida, podendo ficar um ou mais dias sem comer.

E a ideia do ODS 2 –  Fome zero e agricultura sustentável é justamente intervir no sentido de combater a fome e melhorar o acesso aos alimentos, proporcionando refeições nutritivas e frequentes durante todo o ano para toda a população, em especial às pessoas mais pobres e em situação vulnerável. 

E uma forma de minimizar esse problema é por meio do combate ao desperdício de alimentos. Para se ter uma ideia, cerca de 30% dos alimentos produzidos no mundo são jogados fora. O Brasil está entre os 10 países que mais desperdiçam comida no planeta. São mais de 26 milhões de toneladas descartadas por ano, em um país repleto de miseráveis.

Conectando doadores a quem mais precisa

Para lutar contra esses números aterrorizantes foi criada a Comida Invisível, uma startup social que conecta quem tem para doar alimentos bons e próprios para consumo, mas que perderam valor comercial, para quem precisa de doações. Por meio de geolocalização, a plataforma aproxima empresas e organizações não-governamentais (Ongs).

São mais de 20 mil Ongs mapeadas pela plataforma, que recebem esses alimentos que seriam descartados. Quem recebe as doações precisa realizar um curso de boas práticas de manipulação de alimentos, seguindo protocolos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, nutricionistas da startup fazem visitas para avaliações sanitárias. 

Já as empresas doadoras, que assinam o serviço junto à startup, recebem um selo de empresa responsável. Elas têm acesso a um relatório ESG que mostra, em tempo real, quantas pessoas foram beneficiadas e quanto de CO2 deixou de ser emitido com a sua doação. Ou seja, além de combater a fome, a iniciativa ainda gera outro benefício: enfrenta a expansão dos gases de efeito estufa no planeta por meio da diminuição do desperdício, garantindo o melhor uso dos recursos e reduzindo os impactos ambientais.

A iniciativa Comida Invisível é certificada pela FAO/ONU com selo Save Food.. A startup recebeu também o prêmio ONU Habitat como uma das 20 soluções inovadoras no combate ao desperdício em função de seu potencial de escala. Além disso, em 2022 esteve entre as 100 Startups to Watch.

Cidade sem desperdício

Outro projeto em andamento pelo Comida Invisível é bastante ousado. A startup desenvolveu uma metodologia para atuar no combate ao desperdício de alimentos em municípios de pequeno e médio porte. E a primeira implantação está ocorrendo na cidade de Nerópolis, em Goiás, em parceria com a The Kraft Heinz Company.

A ação visa levar educação de combate ao desperdício de alimentos a todas as escolas da cidade. Em atuação conjunta com a secretaria de Educação local, são realizadas atividades semestrais nas escolas e os estudantes aprendem na prática a diminuir o desperdício. 

As famílias com maior vulnerabilidade social também são mapeadas pela startup para que possam ter acesso a alimento de qualidade, além de receber oficinas de geração de renda e economia circular. Além disso, a parceria com pequenos agricultores locais e Ongs da região garante a distribuição dos alimentos e reduz o desperdício.

Em um ano de projeto, mais de 5 mil pessoas foram impactadas e mais de 70 toneladas de alimentos foram encaminhados para essas famílias, segundo a startup. Alcançando em torno de 30% das famílias de maior vulnerabilidade social, a expectativa é ampliar para cada vez mais pessoas necessitadas.

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