Moradias de emergência transformam favelas e casas precárias
Teto mobiliza voluntários e parcerias para construir habitações de emergência aos mais vulneráveis
O direito à moradia é assegurado pela Constituição Federal, mas, como muitos direitos que constam na Carta Magna brasileira, é ignorado e tem pouca relevância prática. O déficit habitacional no Brasil é de cerca de 6 milhões de domicílios, segundo dados de 2022 da Fundação João Pinheiro, instituição responsável pelo cálculo do déficit habitacional do Brasil em parceria com a Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades.
Diante de tão grande desafio, as iniciativas governamentais não têm sido suficientes para dar conta do acesso à moradia a todos, em especial aos mais pobres. Isso porque, segundo o levantamento, a predominância do déficit habitacional no país é em famílias com até dois salários mínimos de renda domiciliar (R$ 2.640). Se nem quem recebe um parco salário já é difícil, imagine com relação às pessoas com maior vulnerabilidade social, sem renda adequada e vivendo em lugares precários e insalubres?
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Como uma forma de superar esse problema e dar autonomia às pessoas, a organização Teto atua há 18 anos na América Latina e Caribe desenvolvendo soluções emergenciais de moradia e habitat que proporcionem uma vida mais digna e justa às famílias que vivem em locais de extrema pobreza. A iniciativa mobiliza jovens voluntários a trabalharem em conjunto com as famílias que vivem em favelas precárias na construção dessas casas. Essa medida está conectada à Agenda 2030, especificamente ao ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis.
As moradias de emergência são modelos de cerca de 18m², elaborados a partir de madeira pré-fabricada, diminuindo o tempo de construção. Barracos dão lugar a pequenas residências. Desde o início do projeto foram mobilizados mais de 90 mil voluntários e aproximadamente 5 mil famílias foram impactadas com moradias de emergência. São mais de 320 projetos de infraestrutura comunitária e unifamiliar entregues.
Há outros projetos correlatos feitos pela Teto e que também são importantes para o contexto da moradia. Tais como infraestruturas de mobilidade, caso de escadas, pontes e vias, além das infraestruturas para recreação e união, como praças, refeitórios e sedes comunitárias. São mais de 210 soluções desse tipo já desenvolvidas. Por meio de parcerias, também foram realizadas soluções sustentáveis de água e saneamento sanitário, beneficiando mais de 40 mil pessoas.
A Teto também desenvolve uma plataforma aberta para tornar visível os direitos violados nas favelas mais precárias e invisíveis do Brasil. Trata-se do Mapa de Direitos, um documento pautado na escuta das comunidades e que se torna fundamental para auxiliar na transformação dessas realidades.
Reconhecimento
Os projetos da Teto chamaram a atenção no meio social e a organização foi selecionada entre os 10 finalistas, em mais de mil inscritos, da 129ª edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. O concurso seleciona as melhores iniciativas promotoras de transformação social para receber um aporte financeiro, a ser utilizado no desenvolvimento e na ampliação do projeto. A vitória não veio, mas a presença chama a atenção para o assunto, que necessita de ações mais constantes e massivas para resolver de vez o déficit habitacional e a oferta de moradias dignas.