Bancos comunitários incentivam a inclusão social
Iniciativa oferta crédito à população de baixa renda com juros abaixo do mercado
Fomentar iniciativas locais de desenvolvimento econômico que possam ser acessíveis à população de baixa renda. Esse pode ser o papel dos bancos comunitários e das moedas sociais, medidas que contribuem para a sustentabilidade de comunidades mais carentes.
Os bancos comunitários se assemelham às instituições financeiras tradicionais e têm nos moradores de determinadas regiões seus clientes. No entanto, a semelhança para aí. Isso porque, o acesso ao crédito é muito mais facilitado e as taxas de juros são infinitamente menores. Enquanto a média da taxa de juros para os empréstimos pessoais pode variar entre 6% e 14% ao mês, nos bancos comunitários as taxas não superam 1% ao mês.
Esse recurso pode ser repassado em reais ou por meio de moeda social, recurso alternativo ao dinheiro que foi criado para ser utilizado dentro da localidade da área de atuação do banco comunitário. Isso ajuda a desenvolver o comércio local. Há também o e-dinheiro, um meio de pagamento eletrônico que integra todas as moedas sociais e facilita os pagamentos no dia a dia.
Os bancos comunitários não são regulados pelo Banco Central, pois são consideradas organizações sem fins lucrativos. Seu foco está no desenvolvimento das comunidades locais por meio do acesso ao crédito. Mas seu objetivo mais profundo vai muito além.
Esses bancos atuam em rede e com base na economia solidária, estando voltados à geração de trabalho e renda e na reorganização da economia local. A ideia é desenvolver territórios de baixa renda por meio do fomento à criação de redes locais de produção e consumo. Dentro dessa perspectiva, são incentivados o surgimento de pequenos empreendimentos produtivos, de prestação de serviços, de apoio à comercialização e outros elementos que compõem as economias populares. Inclusão social e autonomia são temas-chave para essa iniciativa.
O pioneiro é o Banco Palmas, criado em 1998 pela Associação dos Moradores do Conjunto Palmeiras, um bairro com cerca de 30 mil habitantes localizado em Fortaleza, capital do Ceará. Considerada uma das primeiras experiências de economia solidária do país, o Banco Palmas oferta crédito aos moradores do bairro em ótimas condições, seja para que a pessoa consuma na localidade ou mesmo empreenda, gerando novas oportunidades na região.
Atualmente são mais de 100 bancos comunitários espalhados pelo Brasil, que visam o desenvolvimento das comunidades ao invés do lucro. Os ganhos, inclusive, costumam ser investidos em capacitações voltadas para educação financeira, proporcionando conhecimento à população que vai acessar esse crédito, para que ela possa fazer uso racional desse recurso. Também podem ser oferecidos cursos para o crescimento profissional e econômico da comunidade, como é feito pelo Banco Palmas.
Os bancos comunitários e a moeda social são iniciativas conectadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Entre eles estão: ODS 1 – Erradicação da Pobreza; 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável; 10 – Redução das Desigualdades; 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis; 17 – Parcerias e Meios de Implementação.