Combate à fome é fonte de múltiplas iniciativas no Brasil

A fome é uma das maiores mazelas da humanidade e, mesmo com tanta tecnologia e progresso, continua assolando países e comunidades por todo o globo. Por isso, é assunto sempre essencial e de combate contínuo. No Brasil não é diferente: o país retornou ao mapa da fome em 2022 com 33,1 milhões de brasileiros em situação de fome. 

Tudo isso graças ao desmantelamento de políticas públicas pelo último governo, unido à pandemia da covid-19, crise econômica e a inflação que também eleva o preço dos alimentos, em um contexto de guerra em vários rincões do planeta. Hoje em dia o cenário está sendo revertido, com o número caindo para 8,7 milhões de pessoas sofrendo insegurança alimentar, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada em abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Só que esse caminho é árduo e necessita que a sociedade civil contribua de alguma forma para mitigar esse cenário.

A questão do aproveitamento dos alimentos que seriam descartados é um elemento importante, em um Brasil que produz tanto e que joga tanto fora. Há várias iniciativas que buscam fazer a ponte entre o que é comercialmente descartável, mas pode ser aproveitado, com quem necessita. É o caso da Good Truck, uma organização sem fins lucrativos que está engajada no combate ao desperdício de alimentos e na redução da fome no país. A entidade procura resgatar alimentos de empresas, distribuidoras e supermercados que iam para o lixo e destinar para famílias em situação de vulnerabilidade social. 

Surgida em 2016 em Curitiba, a organização atua em cinco cidades dos estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais. São 780 famílias atendidas semanalmente e mais de 3900 mil pratos complementados. São mais de 739 toneladas de alimentos reaproveitados até agora. 

A Good Truck faz o recolhimento de hortifrutis não vendidos e alimentos industrializados próximos do vencimento, de supermercados parceiros. Tudo isso é transformado em kits que são destinados de três a quatro vezes na semana para comunidades vulneráveis. Em contrapartida, esse público participa de oficinas sobre alimentação saudável, nutrição e saúde. Assim, também desenvolve uma ação de educação nutricional com as comunidades, abordando aspectos como qualidade nutricional dos alimentos, como conservar os alimentos, quanto tempo eles duram, sobre congelamento, uso integral do alimento, substituição de ultraprocessados, entre outros pontos. 

Voluntários também são treinados para questões de sustentabilidade e consumo consciente. São fomentadas na Good Truck conexões com as famílias por meio de festas temáticas e atividades lúdicas. Também são desenvolvidas comunidades e famílias visando a segurança alimentar.

A ONG tem recebido inúmeras premiações em reconhecimento às suas ações. A mais recente foi neste mês de junho de 2024 a conquista do Programa Nutrir +, organizado pela Citrosuco e Ago Social. Ano passado, a iniciativa recebeu o Prêmio Pacto Contra a Fome, que ocorreu durante a 20ª edição do Mesa São Paulo, realizada no Memorial da América Latina. A Good Truck ganhou premiação de R$ 100 mil, mentoria de gestão da XP Investimentos e um mini documentário.

Essa iniciativa da Good Truck de combate à fome no Brasil está atrelada ao item 2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. No entanto, como a questão da segurança alimentar aponta, tal ação também permeia outros elementos disseminados pela ONU, como o ODS 3 Saúde e Bem-estar, 10 – Redução das Desigualdades, 12 – Consumo e Produção Responsáveis e 17 – Parcerias e Meios de Implementação.

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